terça-feira, 21 de maio de 2019

SITUAÇÃO SÓ PIOROU, DIZEM CAMINHONEIROS UM ANO DEPOIS DA GREVE QUE PARALISOU O PAÍS

Há exatamente um ano, os caminhoneiros iniciavam uma greve histórica que paralisou o Brasil por dez dias e provocou o desabastecimento da população. Faltou combustível nos postos e vários produtos sumiram das prateleiras dos supermercados. O resultado foi uma redução de quase R$ 48 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) de 2018, uma ruptura na confiança e aumento da inflação no período. Os protestos foram iniciados por caminhoneiros autônomos por causa da escalada do óleo diesel, cuja política da Petrobrás previa aumentos semanais. De abril para maio de 2018, o preço médio do litro do combustível subiu cerca de R$ 0,20 e alcançou R$ 3,62 – o que desencadeou uma sequência de bloqueios nas estradas de todos País. 
A resposta do governo veio em forma de subsídio de até R$ 0,46 por litro do combustível e a criação da tabela do frete. Um ano depois, a vida nas estradas continua difícil. Na visão dos motoristas, piorou. A tabela do frete, principal conquista após a paralisação, não funciona; o diesel voltou a subir; e a condição das estradas tem se deteriorado com a falta de manutenção provocada pela crise fiscal do País. Para piorar, a fraca atividade econômica tem feito os caminhoneiros disputar a tapas uma carga. 
A greve trouxe efeitos colaterais para todo o setor, entre eles uma queda na receita dos caminhoneiros e uma alta na das transportadoras. Estudo dos economistas Cristiano Aguiar de Oliveira e Rafael Mesquita Pereira, da Universidade Federal do Rio Grande (Furg), mostra que o rendimento dos proprietários de caminhão subiu 28% depois da paralisação, enquanto o dos autônomos caiu 20%. “Com o tabelamento do frete, houve concentração de carga nas transportadoras. O produtor preferiu elas por haver uma relação mais estável”, diz Oliveira. De acordo com os autores, as transportadoras têm maior poder de barganha e conseguem impor o valor mínimo do frete para os produtores.
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