quarta-feira, 10 de junho de 2015

BASTA DE ANACRONISMOS

Há gente tão antiquada que ainda é anti-comunista, e outras tão antiquadas que são anti-capitalistas. Não tenho qualquer simpatia pelo mundo que o capitalismo construiu: desastre ecológico, desigualdade brutal, muros separando ricos e pobres, guerras espalhadas para dinamizar a economia pela produção de armas, mas hoje não tenho qualquer alternativa à propriedade privada do capital (a estatizaçao generalizada gerou ineficiência) e ao funcionamento do mercado (o planejamento centralizado gerou ineficiência, roubou liberdade e aprisionou a criatividade dos indivíduos).
Enquanto não surge uma nova proposta que elimine a propriedade privada do capital com eficiência e defina formas de planejamento central que não fire a liberdade, nem castre a criatividade, defendo o capitalismo com:
– educação de qualidade igual para todos, o filho do trabalhador na mesma escola do filho do patrão,
– uma política fiscal justa, capaz de limitar a desigualdade,
– a definição de limites ecológicos que impeçam o consumo depredador, e
– a definição de piso social que elimine a exclusão aos bens e serviços essenciais.
Com isto, será possível conviver com o capitalismo, corrigindo seus defeitos, até que surja a ideia de um no novo sistema social e econômico, provavelmente no século XXII, sem cair nestes anacronismos de anti-comunismo e anti-capitalismo.
Cristovam Buarque é senador pelo PDT do Distrito Federal. Foi ministro da Educação de 2003 a 2004.
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