A prisão de Michel Temer em operação da Lava Jato nesta quinta-feira 21 confirma que a presidenta eleita e deposta pelo golpe, Dilma Rousseff, estava cercada por uma quadrilha e foi tirada do poder por ela. Segundo o Ministério Público Federal, que se baseou na delação premiada do executivo José Antunes Sobrinho, da empreiteira Engevix, para prender o ex-presidente, houve pagamento de vantagens indevidas ao emedebista a partir da obra da usina Angra 3.
Um dos principais operadores da Lava Jato, o operador Lúcio Funaro já havia afirmado em seus depoimentos que Temer participou de esquemas de pagamento de propina a políticos do MDB, antigo PMDB, e se beneficiou deles. Ele citou ao menos cinco esquemas que tivesse o envolvimento de Temer: ele teria se beneficiado por valores pagos pela empreiteira Odebrecht; no contrato da usina nuclear de Angra 3; em esquemas de propina no Porto de Santos e também por repasses do Grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista.
Em um dos depoimentos, Lúcio Funaro contou também que repassou R$ 1 milhão para o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) comprar votos de deputados no processo do impeachment de Dilma Rousseff. Segundo Funaro, Cunha queria assegurar o afastamento de Dilma.
"Quando foi aprovar no plenário, ele (Cunha) achava que já estava ganho, mas queria garantir de qualquer jeito que ela seria afastada esses 180 dias", contou. Numa mensagem enviada ao celular de Funaro, o ex-deputado perguntou se "tinha disponibilidade de dinheiro, (para) que ele pudesse ter algum recurso disponível para comprar algum voto ali favorável ao impeachment da Dilma. E eu falei que ele podia contar com até R$ 1 milhão, e que eu liquidaria isso para ele em duas semanas, no máximo".
Questionado se Cunha teria dito expressamente que o dinheiro seria usado para comprar votos, Funaro confirmou: "comprar votos. Exatamente".
A PF também encontrou planilhas fornecidas pelos doleiros Vinícius Claret, o Juca Bala, e Claudio Barbosa, o Toni, relacionadas à prisão de Temer. Aparecem transferências para Altair Alves Pinto, apontado como operador de Cunha.
De acordo com os doleiros, Altair era "o homem da mala" que repassava dinheiro para Cunha e para Temer. Em delação, o empresário José Antunes Sobrinho também falou em acordo sobre "pagamentos indevidos que somam R$ 1,1 milhão, em 2014, solicitados por João Baptista Lima Filho e pelo ministro Moreira Franco, com anuência de Temer". Do Brasil 247
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