O modelo adotado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para montar o primeiro escalão do futuro governo, tem espalhado a cizânia entre os partidos do chamado "centrão", DEM, PRB, PP, PR e Solidariedade, que não foram contemplados com cargos na máquina administrativa federal. No lugar do tradicional presidencialismo de coalização, Bolsonaro optou por tratar das nomeações diretamente com os parlamentares, uma de suas promessas de campanha. A sistemática, porém, poderá criar dificuldades para que consiga estruturar uma base sólida no Congresso de maneira assegurar a vitória em votações de interesse do governo.
No caso mais recente, a sondagem feita pelo núcleo duro da equipe de Bolsonaro a Celso Russomano (PRB-SP), para que ele venha assumir um ministério que agregaria as pastas de Eportes, Turismo e Cultura, foi feita sem o conhecimento do presidente do partido, Marcos Pereira, que teria demonstrado irritação com o episódio. O fato do DEM também ter sido aquinhoado com três ministérios também irritou parlamentares do próprio partido e da base aliada, que avaliam como excessiva a iniciativa uma vez que o DEM ainda não disse se vai fazer parte da base governista.
A escolha por negociar diretamente com parlamentares que integram as chamadas bancadas temáticas, como a BBB (boi, bíblia e bala), não se traduz diretamente em votos necessários a temas de interesse do governo, uma vez que os partidos podem fechar questão sem levar em conta o desejo destes parlamentares.
Nesta linha, vale lembrar que os caciques do centrão optaram, durante o primeiro turno da campanha eleitoral, em dar apoio a Geraldo Alckmin (PSDB), que acabou registrando somente 4,76% dos votos válidos. No segundo turno, porém, o centrão liberou seus filiados para votar conforme achassem melhor.
Atualmente, a base de Bolsonaro no Congresso conta com cerca de 191 parlamentares, contra 169 da oposição. Para assegurar os 308 votos necessários, seria necessário agregar os partidos insatisfeitos e incorporar os chamados nanicos, que correm o risco de desaparecer por não terem alcançado o número de parlamentares previsto pela clausula de desempenho eleitoral.
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