O governador da Bahia, Rui Costa (PT), defendeu, em entrevista ao Estadão, a reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro com apenas quatro alterações. A posição do petista contraria decisões do partido, que se declara radicalmente contra todo o texto.
Rui ainda disse estar “perplexo” com o "vazio" de propostas de Bolsonaro. Para ele, a desarticulação do Planalto não interessa a ninguém, nem mesmo à oposição, que inclui o próprio PT.
"(O desgaste) Não interessa a ninguém. Não é à toa que os nove governadores do Nordeste pediram uma audiência com o presidente e se colocaram à disposição para que fôssemos facilitadores de reformas e medidas que o Brasil precisa. Afundar o País, aprofundar a perda de credibilidade não ajuda a ninguém", declarou Rui.
Ele pontuou que, assim como ele, os nove governadores do Nordeste assinaram um documento em que defendem a reforma da Previdência com algumas condições. "Quando se fala de Previdência, é preciso ter uma regra perene. Segundo, a capitalização vai arrebentar tanto a Previdência pública quanto a privada, e só beneficia os bancos. Os outros pontos são a questão rural e a prestação continuada. No documento, nos comprometemos que, se esses quatro pontos fossem retirados, nós aprovaríamos a reforma", defendeu.
O governador avaliou ainda que a oposição a Bolsonaro, incluindo o PT, precisa exercitar o diálogo. "Acho que os partidos, inclusive o meu, precisam voltar a ter capilaridade social. Um dos erros que meu partido cometeu foi deixar haver um afastamento em relação ao povo, apesar de manter nas bandeiras e realizações a representação do povo mais pobre. Os dirigentes passaram a ser assalariados bem remunerados, muito mais do que a média do povo. Se afastaram. A rede de capilaridade deixou de existir e o partido ficou menos permeável a críticas e pressões. Isso contribuiu para o processo de desgaste", afirmou.
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