Ao rebaixar a classificação de risco da economia brasileira, a economista Lisa Schineller, da Standard & Poors, foi precisa. Atribuiu sua decisão às dificuldades políticas que os ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa, do Planejamento, enfrentam para fazer avançar o ajuste fiscal.
O nó político não se deve a uma falha de diagnóstico sobre os problemas reais do País. Em todos os partidos, haverá certo consenso sobre a necessidade de se ajustar as contas públicas ao novo cenário econômico.
O que gera o impasse são os projetos pessoais de poder. No PSDB, a ala que defende o impeachment, liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), pretende travar todas as votações até que se inicie eventual processo de impedimento da presidente Dilma Rousseff. Além disso, no fim de semana, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a construção de um "novo bloco de poder" e, em seguida, afirmou que só aumenta imposto quem tem credibilidade. Ou seja: os tucanos não são contra o ajuste em si, apenas se opõem a que ele seja feito por Dilma e sua equipe.
No PMDB, que, na teoria, integra a base aliada, a situação não é nenhum pouco melhor. Como o vice-presidente Michel Temer passou a ser visto como eventual sucessor de Dilma, em caso de impeachment, os que trabalham por essa saída também farão de tudo para sabotar o ajuste. Não por acaso, os presidentes da Câmara e do Senado, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e Renan Calheiros (PMDB-AL), têm prometido repelir qualquer proposta de aumentos de impostos.
De hoje até segunda-feira, os ministros Joaquim Levy, da Fazenda, e Nelson Barbosa deverão apresentar várias medidas, incluindo cortes de gastos comissionados, junção de ministérios e aumentos pontuais de impostos, que podem envolver a Cide, o IR, os dividendos das empresas e até mesmo uma nova CPMF, rebatizada com outro nome.
No entanto, esse pacote corre o risco de esbarrar na estratégia do ´quanto pior melhor´, adotada por aqueles que se julgam capazes de assumir o poder no dia seguinte. Do Brasil 247.
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